Por que o alarme tocou!

A sirene toca e espanto-me 
assustado após o profundo sono

Que loucamente levou-me distante

Distante do mudo 
do resto que é vida

Olhei à minha volta nada era novo
Pensei no que fazer tudo era o mesmo 
Sem condições de mudar 
Sem lugar para fugir, continuei

A ver sol que sempre vejo
A querer o que sempre desejei

Preso nos mesmos pensamentos 

Vivendo e sentindo as mesmas sensações 

Sentindo a mesma dor
Alimentando-me da mesmice

Porquê o alarme tocou?

Que me transforma
Que muda a minha crença
a minha fé
a minha esperança
a minha paciência
o meu querer 
o meu ser 

Que mata o bom de mim
Neste repeat, assisto 
O bom de mim a morrer

A morrer com o vazio
Na entediante rotina 
que tenho vivido

Pela dependência e o sufoco
Que esse nada oferece

Nesta mesmice 
Onde mesmo andando mantenho-me estático
Como um tetraplégico, não avanço

Por que o alarme tocou?

por que me despertar?

Qual é a lógica da vida incomodar-me? 
para fazer-me viver coisas repetidamente 

que só me fazem odiá-la

Ler também: Cúmplices da nossa queda


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